11 de fevereiro de 2011

DEFESA CIVIL DERRUBA CASAS EM NOVA FRIBURGO


Defesa Civil derruba 40 casas que estavam em
áreas de risco no Alto do Floresta, em Nova Friburgo

Houve resistência no início, mas, após um mês, moradores estão mais conscientes
(Evelyn Moraes, do R7, em Nova Friburgo )

Carro e restos de casas continuam soterrados após um mês do temporal que atingiu a região serrana.
Após um mês da tragédia das fortes chuvas que atingiram a região serrana do Estado do Rio de Janeiro, ainda há muito material e corpos soterrados nas áreas mais prejudicadas de Nova Friburgo. As marcações e demolições de casas também não têm data para terminar. No Alto do Floresta, um dos bairros mais atingidos, 40 residências já foram demolidas na rua Solimões. De acordo com o coordenador da Defesa Civil, coronel Roberto Robadey, no início, houve uma certa resistência dos moradores, mas, com o tempo, eles entenderam que corriam risco se continuassem nestas áreas. As próximas demolições vão acontecer nos bairros Jardim Califórnia e Córrego Dantas.
- As marcações das casas que estão em áreas de risco já começam esta semana. A população já está entendendo que isso está acontecendo para o bem dela. Estamos terminando as demolições no Alto do Floresta e seguiremos para Jardim Califórnia e Córrego Dantas.
O pedreiro Ronaldo da Silva Leandro, de 47 anos, teve a casa derrubada no Alto do Floresta. Ele conseguiu alugar um barraco na comunidade por R$ 250 até encontrar uma casa.
- Eles demoliram minha casa, porque estava ao lado de uma que estava caindo. Eu já fui cadastrado para receber o aluguel social e estou aguardando o dinheiro para pagar ao dono do barraco. Dei sorte de encontrar este imóvel, porque está muito difícil de encontrar.
O vizinho de Leandro, Renato Nacimento da Conceição, de 35 anos, disse que não teve a casa condenada pela Defesa Civil. O imóvel apresenta rachaduras e fica na rua Solimões, próximo às residências que foram demolidas. Ele disse que não tem medo de continuar no local.
- Não tenho medo, porque o que aconteceu não acontece sempre. Se acontecer de novo, vai acabar com a cidade. Vamos esperar para ver se melhora com a retirada de entulho. A vida continua. Não temos para onde ir. Precisamos ficar aqui.
Segundo ele, o abastecimento de água ainda não foi normalizado no bairro. O fornecimento de energia também não foi totalmente restabelecido nas áreas de risco, já que a própria Defesa Civil não autorizou o religamento para evitar que a população retorne às casas.
- Tem dia que a água chega, tem dia que não. Além disso, a gente tem que comprar água potável, porque a água está chegando com mau cheiro e não dá para ser consumida.
Segundo a Águas de Nova Friburgo (responsável pelo abastecimento de água na cidade), isso tem acontecido porque o abastecimento é feito por manobra, ou seja, uma parcela da comunidade recebe água durante um determinado período de tempo. Por causa das enchentes, parte da tubulação também foi afetada.
Alguns moradores dos bairros Vilage, Córrego Dantas e do distrito de Conselheiro Paulino ainda estão sem água e luz. Segundo Amaury Antonio Damiance, diretor regional da Energisa (empresa responsável pelo abastecimento de energia no município), a luz ainda não foi totalmente restabelecida também no bairro Lazaredo. Falta água ainda em Lagoinha, Vale dos Pinheiros e Três Irmãos.
Tragédia das chuvas
Um forte temporal atingiu a região serrana do Estado do Rio de Janeiro entre a noite de 11 de janeiro e a manhã do dia seguinte. Choveu em um 24 horas o esperado para o mês inteiro e o resultado foi a maior tragédia climática registrada no país, segundo especialistas de várias áreas.
Deslizamentos de terra e enchentes mataram mais de 800 pessoas e deixaram mais de 400 desaparecidas. Cerca de 30 mil sobreviventes ficaram desalojados ou desabrigados. Escolas, ginásios esportivos e igrejas viraram abrigos. Hospitais ficaram cheios de feridos na primeira semana; estando a maioria já recuperada. Cerca de 15 dias depois da catástrofe, doenças como leptospirose (provocada pelo contato com a urina de rato) começaram a assolar a população. Autoridades então passaram a monitorar casos confirmados e pacientes suspeitos, além de educar o povo em relação à prevenção.
As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto, Bom Jardim e Areal foram as mais afetadas e decretaram estado de calamidade pública. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados durante alguns dias.
Vídeos revelam detalhes
As três esferas de governo se uniram para ajudar as vítimas e reconstruir as cidades. No dia 14 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff liberou R$ 100 milhões para ações de socorro e assistência. Além disso, o governo federal anunciou a antecipação do Bolsa Família para os 20 mil inscritos no programa em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. No dia 27 do mesmo mês, a presidente esteve no Rio e anunciou a entrega de 8.000 casas para desabrigados.
A ajuda também veio através de doações. Pessoas de diversos estados e países se comoveram com a tragédia e enviaram principalmente dinheiro, roupas, alimentos, remédios, água e colchões. Em fevereiro, as maiores necessidades, de acordo com as prefeituras dos municípios afetados, são material de limpeza, material de higiene pessoal e material descartável (como copos e fraldas).
Os animais que perderam seus donos e conseguiram sobreviver não foram esquecidos pela corrente de solidariedade. Entidades de defesa dos animais e pet shops organizaram feira de adoções. Centenas de cães e gatos ganharam novos lares e há até fila de espera de pessoas interessadas em cuidar dos bichinhos.
:::::::::::::::::::::::::::::

Nenhum comentário: