15 de dezembro de 2011

O DESESPERO DE UMA MÃE AMARGURADA

            Quase 11 meses após a tragédia de 12 de janeiro, eu esperava que o restante do ano de 2011, fosse para terminar o projeto de reconstrução psicológica de cada um de nós, e, como se diz na gíria “juntar os cacos”, para entrar 2012 livre da negatividade.
            Não esperava ter outro momento de profunda tristeza em 2011, mas ele aconteceu na tarde desta quarta-feira, e confesso que por alguns momentos me emocionei e tive dificuldades para me recompor.
            Fui à Delegacia Policial, resolver um problema particular de documentação e me deparei com uma cena lastimável. A dor de uma mãe, nãoé comparável a nenhuma outra, e tem gente que pensa que mãe de prisioneiro não tem coração.
            Uma senhora, que prefiro não identifica-la, 44 anos, mãe de três filhos homens, se desesperou ao saber que seu filho, 19 anos, detido pela manhã, por uso de droga e furto em residência, havia sido transferido para o Rio de Janeiro. Ela não entendia e aos prantos me segurou  e disse, “ você não me conhece, mas eu te conheço do programa católico da televisão, reza por mim, pelo meu filho. Porque isso? Porque meu filho foi transferido? Ele não é bandido? O que você pode fazer? Como  vai ser a minha vida neste natal? Eu não tenho dinheiro para viajar ao Rio. Me ajuda pelo amor de Deus”, suplicou aquela senhora.
            Eu tentei acalma-la, ma não me contive e argüindo o Sermão da Montanha e outros trechos bíblicos chorei junto com ela, que continuou, “ porque tiraram a delegacia daqui? Quem é o responsável por esta estupidez?
            Eu sinceramente não soube explicar o inexplicável, justamente porque as mesmas pessoas que hoje reclamam dessa decisão foram as que há pouco mais de dois anos fizeram campanha contra a Casa de custódia em nova Friburgo, com uma série de alegações estapafúrdias.
            Onde está agora, o Conseg, OAB, vários sindicatos, entidades de direitos humanos, alguns vereadores, que à época impediram que o Governador Sergio Cabral implantasse aqui a Casa de Custódia?
            Porque todos eles agora não fazem uma “meã culpa’ e tentam resolver este problema que não é só desta mãe aflita, mas de dezenas de outras na mesma situação.
            O MANCHETE DA HORA não tem e jamais terá intenção de defender delinqüentes ou infratores da lei, pois quem deve a justiça tem que pagar sua pena: mas eles também tem família (pai, mãe, irmãos).
            Não existe vergonha maior para uma família de prisioneiro ser apontada na rua pelos falsos moralistas que na calada da noite cometem os mesmos delitos. É triste para uma família de prisioneiros ter que encarar vizinhos, parentes, amigos.
            Não existe dor maior que a de uma mãe envergonhada pelos atos ilícitos de seu filho, discriminada pela sociedade e ainda ser privada de visita-lo na cadeia ou ter que enfrentar mais de duas horas de viagem para vê-lo.
            Evidente que alei foi feita para ser cumprida. Está claro que um assassino não pode ficar solto. A sociedade não pode conviver com um indivíduo de alta periculosidade que ameaça o próximo. Estes sim, devem ser punidos com os rigores da lei; mas, mesmo assim tem direito a receber visita de seus familiares e são filhos do Cristo Salvador, como todos nós.
            A verdade é que uma cidade como Nova Friburgo, uma mini metrópole que sente a evolução dos tempos e conseqüentemente pólo de uma região, não pode ficar sem um presídio digno e adequado.
            A hora é essa. Este é o momento daqueles que detém o poder, dar uma resposta á população, porque no momento em que as campanhas foram organizadas contra a construção da Casa de Custódia em Nova Friburgo, somente a Igreja Católica Apostólica Romana pensou nos presos e seus familiares. Foi a única instituição a favor do projeto do Governador.
            O momento é de ação e que as entidades que usaram a população para defender seus caprichos façam algo pela  cidade.
            E ressaltamos o MANCHETE DA HORA não defende bandido, alguém tem coragem de se colocar no lugar daquela mãe desesperada por saber que seu filho de 19anos não terá um Natal com a família?
            E não adianta acusar, sair por aí apontando os “ladrões, assassinos, traficantes”, pois todos eles, sem exceção tem uma mãe. Todos saíram do ventre de uma mulher, imagem de Maria Santíssima, que quando concebeu, o único desejo foi um mundo melhor, vida digna, lar perfeito, educação, etc. Nenhuma mãe por pior ou mais humilde que seja, deseja que seu filho apodreça atrás das grades de um presídio.
            E que os Consegs, OABs, sindicatos, associações, grupos de direitos humanos, pastores,  e etc. possam ser solidários a esta senhora e começar já a corrigir o erro que cometeram.

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