3 de agosto de 2011

Câmara Municipal decide afastar prefeito de Teresópolis (RJ)

Vereadores da Câmara Municipal de Teresópolis (RJ) –um dos sete municípios afetados pelas enchentes na região serrana do Rio de Janeiro– decidiram nesta terça-feira (2) afastar o prefeito Jorge Mário Sedlacek (sem partido), que responde a várias acusações de corrupção. Por meio de uma comissão processante (CP), os 12 parlamentares decidiram suspendê-lo por unanimidade. O vice, Roberto Pinto, assume o cargo nesta quarta-feira (3).
Os vereadores também deliberaram sobre a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias feitas pelo Ministério Público a respeito do uso de dinheiro público no processo de reconstrução da cidade após as chuvas de janeiro. Mais de 900 pessoas morreram na região serrana do Estado.
Segundo o MP, houve pagamento de propina a funcionários públicos, desvios de verba, obstrução de Justiça, entre outras irregularidades.
Há cerca de três meses, uma primeira CPI (originada por denúncias protocoladas por membros da sociedade civil) já investigava a gestão de Jorge Mário. Na última quinta-feira (28), o vereador Carlão (PMDB) afirmou à reportagem do UOL Notícias que o afastamento era inevitável, uma vez que a comissão reunira um extenso conjunto de provas que confirmavam a culpabilidade do prefeito.
A partir de agora, Jorge Mário terá direito à ampla defesa. O prazo do afastamento é de 90 dias. Se, ao fim desse período, ele não conseguir comprovar a sua inocência, a Câmara Municipal deve abrir um processo de impeachment.
Uma das provas diz respeito a serviços encomendados pela prefeitura sem processo de licitação e com valores acima do mercado. Em 2009, o então procurador do município, Antônio Geraldo, publicou no Diário Oficial a contratação de um colega de profissão, o advogado André Koslowski, por R$ 50 mil.
Para justificar a dispensa de licitação, o contratado era descrito como “especialista notável, o que em tese permitiria a inexigibilidade.

R$ 363 mil por 45 dias de trabalho

No entanto, uma semana depois, o valor do serviço aumentou para R$ 500 mil. A correção foi registrada no rodapé de página do Diário Oficial.

Koslowski acabou perdendo o caso para o qual foi contratado (evitar que a Justiça sequestrasse uma quantia em torno de R$ 7 milhões referentes a precatórios vencidos havia quatro anos) e recebeu da prefeitura cerca de R$ 363 mil por 45 dias de trabalho com o desconto do imposto de renda.

Eles colocaram no rodapé das matérias oficiais 'onde se lê 50 mil, leia-se 500 mil'. Simples assim, sem dar explicação nenhuma para um aumento de 1.000%. (...) O prefeito foi condenado pelo Tribunal de Contas, não há prova maior do que essa. Além do ato antieconômico, ele feriu a Lei 4.320, pois as despesas foram pagas antes de serem empenhadas, afirmou Carlão.

A CPI em curso suspeita que a página do Diário Oficial foi fraudada por algum funcionário ligado à Secretaria Municipal de Administração. Em depoimento na Câmara, o ex-secretário da pasta, Carlos Eduardo Ribeiro, afirmou que não participou do suposto esquema e que dois funcionários foram afastados por conta do caso.

Jorge Mário, recentemente expulso do Partido dos Trabalhadores (PT), também é acusado de obstruir o trabalho da CPI. De acordo com os vereadores da comissão, ele não entregou vários documentos que foram solicitados e agiu de forma burocrática para dificultar a prestação de contas.

Convidado para depor na Câmara, o prefeito optou por não comparecer, alegando inconstitucionalidade. Ele nega publicamente todas as acusações. Segundo o vereador Carlão, Jorge Mário está confiante em permanecer no cargo. Ele disse que, se sair na quarta-feira, volta no dia seguinte. Vamos ver. Eu o desafio publicamente, afirmou. (Hanrrikson de Andrade - UOL Notícias)

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