O responsável pela obra que causou desmoronamento, na tarde desta segunda-feira (2), no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro - deixando um morto e outro ferido - foi indiciado pela Polícia Civil. A informação é da delegada-adjunta da 42ª DP (Recreio), Fátima Bastos.
De acordo com a delegada, a obra era ilegal e o homem foi indiciado pelo crime de "desmoronamento na forma qualificada pelo resultado morte". O crime é correspondente ao homicídio culposo, com pena de um a três anos de prisão, podendo ser aumentada em um terço por representar perigo coletivo. O indiciado prestou depoimento nesta noite na 42ª DP.
O prédio fica na Rua Joaquim da Silveira, 379. Por volta das 22h, a perícia ainda estava no local. O operário é Antônio Otaviano Correa dos Santos, 39 anos. Ele morava com a mulher e uma filha na comunidade Beira-Mar, também no Recreio dos Bandeirantes.
A delegada informou que o homem responsável pela obra é engenheiro, mas não apresentou nenhuma licença para obra e nem o chamado livro de Equipamento de Proteção Individual (EPI). Em depoimento, segundo a delegada, o engenheiro afirmou que a obra era financiada por ele próprio e outras 10 pessoas.
Essas pessoas, de acordo com a delegada Fátima Bastos, também poderão ser indiciadas ao longo das investigações. Ela também não descartou a possibilidade de que, após a perícia, fique comprovado que houve dolo eventual, ou seja, quando o acusado assume o risco ao cometer um crime.
O Corpo de Bombeiros informou que o acidente ocorreu quando parte da areia e estrutura de vigas de concreto cederam, atingindo os dois homens, que preparavam o solo com vergalhões. A vítima retirada dos escombros foi levada para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra. Seis equipes do Corpo de Bombeiros foram para o local. Até as 20h, não havia identificação do ferido.
Diária de 50 reais
No local, não havia placa indicando o responsável pela construção, ainda em fase inicial. Segundo os operários, seria construído um prédio no terreno, de cerca de 2 mil metros quadrados. Júlio Marques das Neves, 41 anos, um dos trabalhadores, informou que todos trabalhavam sem carteira assinada e sem proteção. "Não tínhamos capacete nem segurança", disse Júlio, acrescentando que recebia diária de R$ 50,00.
Lindomar Jesus dos Santos, 36 anos, trabalha como zelador no prédio em frente à obra e disse que ainda tentou ajudar as vítimas. "O senhor que sobreviveu pedia socorro. O outro estava muito ferido. Era muita areia, muito peso em cima deles", contou Lindomar.
Segundo a Secretaria municipal de Saúde e Defesa Civil, a obra onde houve o soterramento e a área de serviço de uma casa vizinha, onde funciona uma escola de dança, foram interditadas.
Susto no Centro
Nesta tarde, técnicos da Defesa Civil vistoriaram prédios nas proximidades da Rua Senador Dantas, no Centro do Rio de Janeiro, após notícias de um suposto tremor. Segundo o órgão, algumas pessoas ligaram reclamando de uma trepidação no edifício, mas a vistoria não apontou nenhum risco.
A Defesa Civil municipal informou ainda que, assustadas, as pessoas deixaram o prédio antes da chegada dos técnicos, mas não houve evacuação oficial do edifício, nem interdição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário